Eduardo Moreira: desigualdade coloca Brasil em “estado de guerra”
A desigualdade social no Brasil é tema central da Conferência Nacional da Autorreforma do PSB, que acontece nos dias 28 e 29 de novembro, no Rio de Janeiro.
O economista Eduardo Moreira foi um dos painelistas e falou sobre os desafios da economia brasileira na construção de um país mais justo e menos desigual.
Autor de diversos livros, Moreira começou sua fala enfatizando a importância do movimento reformista do PSB. Para ele, “reformar é lembrar a forma e a origem desse nome tão bonito: socialismo, que significa estar junto, acompanhado. Inclusive, lembremos a pomba que simboliza este partido, de tantos significados importantes, como a paz e a fraternidade”.
O economista fez um pedido e um convite aos brasileiros. “Se a nossa intenção, ao estarmos aqui, é nobre, é bela, eu convido vocês a verem pobreza, conhecerem a pobreza. É preciso menos referência bibliográfica e mais biográfica. É preciso conhecermos mais a nossa própria gente e a sua situação de pobreza”.
O economista relatou suas experiências ao acampar com integrantes do MST, quilombolas e a experiência vivida nas últimas semanas em uma tribo Guarani Kaiowá. Em meio a todas as mazelas sociais do Brasil, Moreira concluiu: “Após tanto tempo vivendo essas tragédias, de pessoas sem terem o que comer, casas sem parede, água não potável. Aquilo me mostrou que nós estamos em guerra. Tanta desigualdade assim é a prova de que estamos em uma sociedade em guerra. E o que nos torna membros do mesmo grupo? Dividir território? 50% das terras no Brasil estão nas mãos de 1% das pessoas”.
A partir do diagnóstico de desigualdade, Eduardo Moreira questionou a platéia: Quais são os caminhos possíveis para mudar essa situação? Para ele, o que nos faz indivíduos de um mesmo grupo é a presença do Estado. Apenas através do Estado é que nós podemos nos cuidar, disse.
O economista fez duras críticas ao desmonte estatal promovido pelo ministro Paulo Guedes e pelo presidente Bolsonaro. “Esse resto de Estado que temos é o que eles estão tentando destruir. Do Estado mínimo só sobra a guerra. O Estado serve para redistribuir renda. Quem está no comando escolhe de quem ele vai tirar e para quem ele vai dar”, afirmou.
O Brasil, conforme ele apontou, é um Estado que tira dinheiro dos mais pobres através de uma tributação imensa sobre consumo, ao passo que reduz impostos sobre grandes fortunas e heranças. Para Eduardo, a tributação nacional é uma forma de o “Estado lavar dinheiro para os ricos neste país”. “Como a gente está redistribuindo dinheiro? Dando para os mais ricos! É preciso ser mais solidário”, afirmou.
Ele ainda apontou que 80% da população do país vivem na pobreza. Para Moreira, “se quisermos voltar ao poder, precisamos nos conectar com os pobres. Precisamos entender o sofrimento, e praticar a compaixão. Quando meus amigos deputados me chamam para Brasília, para discutir previdência, tributação, e encontro aqueles economistas de mercado, tenho a certeza de que nenhum deles será capaz de me fazer parar. Eles falam sobre capítulos, autores, e ficam memorizando teorias de livros que leram. Quando eu falo, rebato os argumentos, me lembro dos rostos de sofrimento que eu vi na minha frente”.
Ao fim de sua fala, o economista fez um apelo ao público. “Essas pessoas, os mais pobres, têm muito a nos ensinar, em todos os sentidos. Enquanto muitos falam sobre estudar e aprender sobre os pobres, nós deveríamos falar sobre como aprender com os mais pobres. Afinal, nós não sabemos o que eles sofrem”.
Ao concluir sua palestra, Moreira disse que se o campo progressista quiser chegar ao poder, será preciso dialogar com as demandas dos 80% da população. Para ele, “um governo que decide governar para os mais ricos, fazendo deles mais ricos, governa para poucos, e, portanto, só poderá destruir o país. Um governo que escolhe os pobres como instrumento de suas políticas públicas é aquele que governa para todos”.
About author
You might also like
Posição do PSB no 2º turno do Rio será definida pela Executiva Nacional
Após reunião de dirigentes do partido no estado e no município, o PSB do Rio decidiu remeter a decisão sobre o segundo turno no Rio de Janeiro. “As Executivas Estadual
Diretor do Diap analisa proposta de reforma da Previdência em reunião com a bancada do PSB na Câmara
Em reunião com a bancada do PSB na Câmara dos Deputados, o analista político e diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz, o
Marlos Costa faz corpo a corpo em feira livre
O candidato do PSB à Prefeitura de São Gonçalo, o Marlos Costa, visitou a feira do Gradim, onde andou pelas bancas, falou com feirantes e com moradores que faziam compras
0 Comments
No Comments Yet!
You can be first to comment this post!